quinta-feira, dezembro 13, 2018

Fatalismos pós filhos

Uma das coisas de que mais me apercebi depois de ser mãe é a alteração na forma como encaramos a vida e os fatalismos inerentes à mesma.

Enquanto "jovens", seja a 1 ou 1+1, raramente dava comigo a pensar no que seria se algo me acontecesse ou a assistir a falecimentos de conhecidos dedicando mais que o pensamento de pêsames devido à familia e com o sentimento de pena normal numa situação dessas pela pessoa que vai.

Depois quando o 1+1=3 e depois 1+1=4, as perspectivas mudam radicalmente.
Começamos a dar-nos conta da nossa mortalidade de uma forma diferente e ganhamos diferentes medos, não pelo acontecimento em si, mas pelo impacto na vida desses dois extra que colocámos no mundo por nossa iniciativa.
Tudo se torna mais dificil, tudo é pesado de forma diferente, passamos a ter mais medos, as maluquices passam a ser muito mais ponderadas, os riscos evitam-se automática e inconscientemente até.

Tive a experiência de ter um acidente quando um deles tinha um ano e muito pouco e recordo-me perfeitamente que o meu primeiro pensamento logo a seguir à queda foi para a bébé e o que seria se tivesse sido algo mais grave. Lembro-me que me custou horrores não poder dar a atenção que devia nos primeiros dias por impossibilidade parcial fisica, que chorava por a ver chorar e não propriamente por me doer a mim; lembro-me de estar no hospital, a limpar, exames e afins, e a minha preocupação era que ligassem aos avós para lhe dar a sopinha do jantar, sem sequer me preocupar se me estava a doer ou o que o médico estava a fazer.

A maternidade tem necessariamente de mudar a forma como vemos as coisas ou é alguém muito empedernido de sentimentos.

As crianças não pedem para nascer, se optamos por as ter temos de assumir as responsabilidades inerentes... e não pode haver trabalho, responsabilidades sociais ou outras que assumam um papel mais importante na vida, porque elas deverão estar acima disso.
Não estou a dizer que vamos deixar de ter vida por causa de ter filhos, longe de mim tal ideia, mas não podem eles ser o ultimo item da lista de prioridades e não pode o seu bem estar fisico, emocional, social e familiar ser posto em causa devido a questões como ambição extrema profissional, vida social e afins... porque há uma ideia que ninguém me muda: eles não pediram para vir!

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